sábado, 24 de junho de 2017

DANÇANDO A VIDA COM A CRIANÇA INTERIOR

Houve um tempo, para alguns muito tempo, para outros nem tanto, o tempo em que éramos criança, e nem chamo esse tempo de infância, pois muitos adultos ainda encontram-se mentalmente presos nesse tempo, me refiro ao tempo em que éramos crianças de corpo, alma e coração. 
Nesse tempo, os sentimentos e sensações eram de alegria, espontaneidade, presença, prazer, autenticidade, risos, brincadeiras, etc... 

Aos poucos fomos crescendo e a vida foi nos trazendo responsabilidades, regras, rotina, conceitos de certo e errado, então precisávamos da orientação dos adultos. 
Com toda certeza, eles nos orientaram da melhor forma que podiam com aquilo que sabiam. 

Em alguns momentos, nos deparamos com situações que nos machucaram, traumatizaram, pessoas que nos feriram, e cada dificuldade nos afastou ainda mais daquelas sensações e sentimentos que nossa criança manifestava com tanta facilidade, características que trouxemos ao mundo como um tesouro, uma preciosidade. 
Hoje, adultos, buscamos as mais variadas formas de terapia para nos libertar desses traumas e memórias dessas situações que podemos chamar de lixos emocionais. 
Por vezes passamos por vários processos terapêuticos, físicos, mentais e emocionais que nos ajudam a entrar em contato com esses lixos. 
Algumas pessoas relatam que mesmo após muitas terapias, não sentem resultado. Então uma reflexão me trouxe uma analogia em relação aos lixos emocionais. 

Quando nos dispomos a fazer uma faxina em nossa casa e jogamos as coisas no lixo, o que fazemos com o lixo? Colocamos em sacos e já colocamos no lugar onde passa o caminhão de lixo ou deixamos esses sacos ainda entulhados em nossa casa? 
Desapegamos mesmo daquilo que descartamos ou vamos lá dar aquela espiadinha e muitas vezes arrependidos pegamos algo de volta? 
Sentimos aperto ou alívio quando o caminhão de lixo passa? 

Ontem eu voltava cansada do trabalho, quando na esquina de casa, me deparei com uma menina de uns 7 anos, ela estava andando de patins e dançava como se fosse uma celebridade, nem se importou que eu a olhei, muito pelo contrário, aprimorou ainda mais a dança. Meu coração disparou e na mesma hora eu sabia o que estava acontecendo, ela estava acordando a criança que existia dentro de mim, e me recordando do quão importante é me conectar com ela quando as responsabilidades da vida adulta adormecerem a minha naturalidade e alegria de viver, muitas vezes me impedindo de fazer aquilo que eu realmente gosto. 

Ledo engano que é acharmos que a nossa criança ficou lá atrás, naquele corpinho frágil e pequeno, a nossa criança nos acompanha, ela está conosco. Não precisamos ter corpo de criança para manifestá-la, pois alegria, espontaneidade, presença, prazer, autenticidade, risos e brincadeiras, estão disponíveis a qualquer momento. A questão é que aceitamos ou rejeitamos tais atributos, na mesma proporção em que aceitamos ou rejeitamos a nossa criança. 

Se a vida ficou pesada, se as emoções negativas nos impedem de sermos naturais e espontâneos, é porque está na hora de não só separar o lixo, mas deixar o caminhão levar. Assim é o processo terapêutico, não adianta somente identificar as programações atrapalhadas, é necessário limpar os lixos mentais, resgatar e manifestar a essência que somos, aquilo que é nossa verdadeira natureza, que permite que a gente seja e mostre ao mundo a melhor versão de nós mesmos, aquela que acontece naturalmente, sem máscaras e sem esforço, que não tem um script, que assim como a minha criança me recordou ontem, ela apenas ouve a música e dança, como se nada e ninguém mais importasse, apenas o prazer e a experiência da dança é que importam, e a oportunidade e a alegria de poder dançar.


Carla Bettin - Parapsicóloga Clínica

domingo, 18 de junho de 2017

O CAMINHO PARA SER LIVRE



PROFECIAS VERBAIS



O assunto dessa semana é sério, delicado, porém pode ser libertador, como tem sido na vida de vários clientes com os quais tenho trazido tal tema.

Tenho refletido muito sobre profecias. Sobre pessoas que procuram um terapeuta em busca de respostas, em busca de que nós, digamos e elas qual caminho devem seguir, qual a melhor escolha a fazer, o que é bom e o que não é bom para a vida delas.

Mas esta não é a função do terapeuta, visto que alguns, muitas vezes por medo de perderem o cliente, ou na tentativa de ajudá-los tomam tal atitude.

A função do terapeuta, é orientar a pessoa para que ela encontre as respostas dentro de si, e que possa ter melhor discernimento e consciência para poder fazer suas escolhas.

No atendimento à uma cliente na semana passada, verificando suas programações subconscientes, nos demos conta de que havia registrado em seu subconsciente, opiniões e "profecias" de pessoas as quais ela admirava e confiava muito.

Conforme fomos identificando tais registros, o que passei a chamar de "profecias" ou "pactos inconscientes", analisando sob a ótica de como o subconsciente interpreta tais registros, me dei conta do quanto foi importante este trabalho na ocasião e de realizá-lo em outras situações.

Há algum tempo vinha sentindo de escrever este texto, ontem assisti um vídeo no youtube que contava a história de uma pessoa que presenciou uma cena dentro de um ônibus. Uma mulher que estava indo embora de Florianópolis com duas crianças pequenas e disse para elas: - "olhem bem para esta cidade pois vocês nunca mais irão pisar os pés aqui".

Em vários textos eu já escrevi sobre o poder do verbo, das palavras. 
A bíblia mesmo diz: "E o verbo se fez carne e habitou entre nós".
Aquilo que verbalizamos tem poder e se concretiza, se materializa.

Imagine o impacto que a fala dessa mãe vai trazer para a vida dos filhos. 
E agora trazendo para outras realidades, quantas pessoas profetizam coisas em nossa vida e se inseguros, acabamos permitindo que tais profecias nos amarrem o caminho, por exemplo: teu destino está em tal cidade, tua missão é tal, te vejo em tal profissão, tua alma gêmea tem tal perfil, te vejo assim ... assim... assado.

Os pais também devem ter cautela sobre o que verbalizam para os filhos, visto que são considerados por eles como autoridade máxima. 
Quantas pessoas já atendi que estavam infelizes na profissão pelo fato de que esta não era sua vontade, mas sim dos pais. 

Aquilo que a pessoa enxerga a nosso respeito, está muito mais relacionado ao que ela tem dentro de si do que à nós. 
Quando uma pessoa projeta algo em outra, aquilo diz muito mais sobre ela do que sobre a pessoa projetada. É uma expectativa dela, e algumas ainda profetizam o que a outra quer ouvir, tornando a prisão ainda maior.

Uma pessoa que é mais sugestionável pode ficar amarrada a este tipo de sugestão, porém essa prisão que muitas vezes é energética e mental, acaba aprisionando ambos os lados, tanto para quem proferiu quanto para quem é o alvo da profecia.

Nós precisamos assumir cada vez mais a nossa condição de co-criadores de nossa realidade. 
Muitas vezes negligenciamos a nossa capacidade de manifestar o que queremos por medo de fazer escolhas erradas ou ainda por assumirmos a responsabilidade de nossas decisões.

Sejamos livres para fazer nossas escolhas e deixemos os outros livres. Podemos emprestar nosso ombro amigo e ouvir, mas nunca sugerir algo na vida das pessoas.
O livre arbítrio é um presente de Deus para nós, Ele nos dá a oportunidade de fazermos nossas escolhas, desde que respeitemos as Leis maiores. 

Se enquanto você lia esse texto, lembrou-se de profecias que foram feitas em sua vida, ou que fez na vida de alguém, não fique com raiva da pessoa nem a julgue e nem de si mesmo(a), fique tranquilo(a), faça uma respiração profunda, com o desejo sincero de se libertar e repita em voz alta:

"Eu me liberto de todo pacto e profecia, consciente e inconsciente, e me permito ser co-criador(a) e responsável pelas minhas escolhas".

Assim você se liberta e liberta as pessoas com as quais possa ter algum vínculo negativo desta natureza. 

Somos espelhos uns dos outros, e nossos relacionamentos, sejam quais forem, nos ajudam e ver mais claramente aquilo que sozinhos não podemos enxergar.

o caminho para ser livre, é primeiro ter consciência de nossas prisões.

Somos muito mais capazes do que imaginamos. Nosso potencial é infinito.

Sigamos na fluidez das Leis Universais da Harmonia, Vibração e Evolução!


Carla Bettin - Parapsicóloga Clínica 

quarta-feira, 7 de junho de 2017

A HUMANIDADE DOS PAIS


A criança quando chega ao mundo é pura e inocente. 
Ela não possui crenças ou julgamentos a respeito de nada. 
Ela não tem opiniões acerca de seu enxoval, da decoração de seu quarto, das roupas que seus pais lhe vestem, ela recebe absolutamente tudo sem questionar ou reclamar.
Ela olha nos olhos de seus pais e sorri, e para ela, eles são os pais mais perfeitos do mundo. Na verdade o bebê tem uma imagem de que seus pais são deuses.
A criança é puro amor.
É na vivência com os pais e a família que a criança começa a formar suas primeiras impressões sobre a vida, sobre o mundo e sobre si mesma.
Ela acredita naquilo que vivencia neste meio e começa a formar suas crenças e seu mundo a partir dali.
Depois, em um determinado momento chega a hora de ir para a vida social, quando ainda com os pais, ela conhece diferentes formas de mundo, porém ainda acompanhada de sua referência, mas posteriormente, vai ganhando cada vez mais autonomia e passa a conhecer outros mundos sozinha.

A forma como os pais conduzem os filhos para a vida social irá influenciar na maneira como eles lidam com aquilo que é diferente, com outros "mundos", outras formas de viver, outras culturas, outras religiões, etc.
O contato com outras crenças, entra em choque com sua base de formação e aí entra o mecanismo da aceitação e da rejeição.

Preconceitos, julgamentos, conflitos sociais diversos, existem quando as pessoas não sabem lidar com as diferenças. Por não saberem respeitar sua origem, sua cultura, suas raízes,  também não aprendem respeitar a cultura, origem e crenças alheias.

Se uma criança não aprende sobre sua origem com amor e respeito, ela ficará em dúvida sobre aquilo que lhe foi ensinado e a partir daí o mundo passará a ser confuso para ela também.
Então, no momento em que se deparar com alguém que tem total conhecimento e convicção de sua origem, acreditará que a crença dos outros é que é a certa, que algo de errado há em seu mundo e assim também passam a estabelecer-se muitos conflitos internos em relação aos pais, e ela vai se dando conta de que aqueles que eram seus “super heróis”, falharam, erraram, e dependendo da ótica pode até achar que mentiram, etc.

Conhecer nossa origem familiar, cultural e social, ajuda-nos a sermos firmes como seres humanos e é a própria aceitação da nossa condição humana que vai nos ajudar a nos orientarmos perante a vida, compreender nossa realidade e a realidade de outras pessoas, termos uma base sólida e proporcionar esta base aos nossos filhos.

No trabalho de harmonização com os pais que realizo com meus clientes, buscamos acessar as programações subconscientes e identificar as cobranças inconscientes que a criança interior – (principalmente a fase da vida em que esta realidade não foi vivida com a orientação adequada) – possa ser ressignificada internamente e possibilite olhar para os pais como humanos, aceita-los e perceber que do jeito deles, eles amaram os filhos com amor de pais, ensinaram e criaram com o conhecimento humano que tinham e deram de si o melhor que podiam com aquilo que sabiam.

Cabe a cada um ir em busca de suas origens, fortalecer suas raízes para que possa render bons frutos perante a vida. 

Eu acredito firmemente que aceitar nossa condição humana, pode inclusive ajudar as pessoas que tem dificuldade em ter filhos, pois a imagem de que pais precisam ser perfeitos, pode gerar o peso de uma meta inatingível. Quando aceitamos que nossos pais são seres humanos, que erram e acertam, assim como nós também somos, nós os liberamos e consequentemente nos liberamos também da cobrança interna de sermos perfeitos. Perfeição só existe no plano espiritual, e nós estamos vivendo esta existência no plano real, material. Negar esta realidade é negar a vida.


Carla Bettin - Parapsicóloga Clínica