quarta-feira, 7 de junho de 2017

A HUMANIDADE DOS PAIS


A criança quando chega ao mundo é pura e inocente. 
Ela não possui crenças ou julgamentos a respeito de nada. 
Ela não tem opiniões acerca de seu enxoval, da decoração de seu quarto, das roupas que seus pais lhe vestem, ela recebe absolutamente tudo sem questionar ou reclamar.
Ela olha nos olhos de seus pais e sorri, e para ela, eles são os pais mais perfeitos do mundo. Na verdade o bebê tem uma imagem de que seus pais são deuses.
A criança é puro amor.
É na vivência com os pais e a família que a criança começa a formar suas primeiras impressões sobre a vida, sobre o mundo e sobre si mesma.
Ela acredita naquilo que vivencia neste meio e começa a formar suas crenças e seu mundo a partir dali.
Depois, em um determinado momento chega a hora de ir para a vida social, quando ainda com os pais, ela conhece diferentes formas de mundo, porém ainda acompanhada de sua referência, mas posteriormente, vai ganhando cada vez mais autonomia e passa a conhecer outros mundos sozinha.

A forma como os pais conduzem os filhos para a vida social irá influenciar na maneira como eles lidam com aquilo que é diferente, com outros "mundos", outras formas de viver, outras culturas, outras religiões, etc.
O contato com outras crenças, entra em choque com sua base de formação e aí entra o mecanismo da aceitação e da rejeição.

Preconceitos, julgamentos, conflitos sociais diversos, existem quando as pessoas não sabem lidar com as diferenças. Por não saberem respeitar sua origem, sua cultura, suas raízes,  também não aprendem respeitar a cultura, origem e crenças alheias.

Se uma criança não aprende sobre sua origem com amor e respeito, ela ficará em dúvida sobre aquilo que lhe foi ensinado e a partir daí o mundo passará a ser confuso para ela também.
Então, no momento em que se deparar com alguém que tem total conhecimento e convicção de sua origem, acreditará que a crença dos outros é que é a certa, que algo de errado há em seu mundo e assim também passam a estabelecer-se muitos conflitos internos em relação aos pais, e ela vai se dando conta de que aqueles que eram seus “super heróis”, falharam, erraram, e dependendo da ótica pode até achar que mentiram, etc.

Conhecer nossa origem familiar, cultural e social, ajuda-nos a sermos firmes como seres humanos e é a própria aceitação da nossa condição humana que vai nos ajudar a nos orientarmos perante a vida, compreender nossa realidade e a realidade de outras pessoas, termos uma base sólida e proporcionar esta base aos nossos filhos.

No trabalho de harmonização com os pais que realizo com meus clientes, buscamos acessar as programações subconscientes e identificar as cobranças inconscientes que a criança interior – (principalmente a fase da vida em que esta realidade não foi vivida com a orientação adequada) – possa ser ressignificada internamente e possibilite olhar para os pais como humanos, aceita-los e perceber que do jeito deles, eles amaram os filhos com amor de pais, ensinaram e criaram com o conhecimento humano que tinham e deram de si o melhor que podiam com aquilo que sabiam.

Cabe a cada um ir em busca de suas origens, fortalecer suas raízes para que possa render bons frutos perante a vida. 

Eu acredito firmemente que aceitar nossa condição humana, pode inclusive ajudar as pessoas que tem dificuldade em ter filhos, pois a imagem de que pais precisam ser perfeitos, pode gerar o peso de uma meta inatingível. Quando aceitamos que nossos pais são seres humanos, que erram e acertam, assim como nós também somos, nós os liberamos e consequentemente nos liberamos também da cobrança interna de sermos perfeitos. Perfeição só existe no plano espiritual, e nós estamos vivendo esta existência no plano real, material. Negar esta realidade é negar a vida.


Carla Bettin - Parapsicóloga Clínica

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